IMPRENSA

 


Fruticultura orgânica em larga escala sim, por que não?
25/09/2014

A Chapada Diamantina, interior da Bahia, foi à região escolhida para abrigar um grande projeto agroindustrial de fruticultura orgânica. A Bioenergia Orgânicos, empresa privada de capital nacional, vem desenvolvendo projeto desafiador no município de Lençóis — que tem por conceito desde a escolha da terra, plantio, manejo e colheita, até o processamento do fruto, de forma sustentável — e contratou a Embrapa como parceira. “Desde o início [o projeto foi concebido em 2006], sabíamos que para implantar um projeto dessa magnitude teríamos de ter a pesquisa como aliada”, afirma Osvaldo Araújo, um dos sócios da empresa.

Em meados de 2011, a Embrapa Mandioca e Fruticultura entrou oficialmente no projeto, com o envolvimento de pesquisadores e técnicos especialistas em diversas culturas, atuando em pesquisa, desenvolvimento e na transferência de tecnologia como base para a implantação do projeto. Há também a participação de pesquisador da Embrapa Semiárido (Petrolina, PE), que trabalha com goiaba, e a possibilidade de colaboração de outras Unidades. “A primeira avaliação que fizemos quando fomos procurados é que o projeto, por sua dimensão, seria um grande desafio, porque agricultura orgânica tem sido tradicionalmente realizada em pequenas áreas. Aos poucos, os trabalhos realizados em grandes experimentos comerciais vêm delineando novos horizontes e se mostrando viável. As perspectivas são muito boas, e esse convênio está sendo uma oportunidade ímpar para nós, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, porque nos obriga a não só fazer pesquisas estanques, compartimentadas, mas realizar um trabalho para ser utilizado efetivamente na produção em campo. É o pesquisador sendo obrigado a ajustar suas informações e conhecimentos de pesquisa com as necessidades e a visão de quem está na linha de produção. Então, este projeto está dando certo, o que é bom para a Bioenergia e bom para Embrapa, pois a experiência que estamos acumulando com pesquisa em orgânico já é bastante grande”, avalia o pesquisador Zilton Cordeiro, que coordena o trabalho. Dentro dos estudos realizados pela empresa, a região foi escolhida em função de ter o clima, água e solo mais adequados à fruticultura orgânica, com disponibilidade de terras virgens para cultivo sem agrotóxicos. Foram compradas três fazendas em Lençóis (Bonita, Grama e Ceral Marimbus), que perfazem 3,5 mil hectares — sendo 20% registrados como reserva legal e 30% como reserva técnica. Desse total, 80 hectares são destinados aos experimentos da Embrapa. Já ocupados hoje são (entre parênteses, a indicação do número de variedades): 10 hectares de manga (22), 3 hectares de Spondias (20), 1,5 hectare de maracujá (16), 13 hectares de acerola (5) e 2 hectares de abacaxi (2). Em breve, serão plantados também 6 hectares de goiaba (4) e 3 hectares de citros (variedades de tangerina, limão ‘Tahiti’ e laranja lima). Esse material integra a Unidade de Pesquisa de Produção Orgânica (UPPO), na Ceral Marimbus. Há ainda, na fazenda Bonita, uma área de viveiros de 2,5 hectares.

Já foram instalados um viveiro de mudas (hoje com manga, acerola e goiaba) e uma estufa em telado antiafídeo para citros. “Esperamos ter no fim de 2014 em torno de mais de 70 mil mudas de manga, por exemplo, preparadas para ir para o campo”, informa o sócio Evanilson Montenegro. E já há em produção, segundo ele, áreas de manga e maracujá.

Zilton explica que os obstáculos enfrentados não são poucos, principalmente os fitos sanitários. “Nem sempre temos uma alternativa fácil para enfrentar a ocorrência de uma praga, de uma doença... A disponibilidade de produtos para enfrentar essas questões ainda é pequena, ou seja, pesquisas terão de ser feitas para encontrar alternativas para controlá-los. A primeira grande batalha que tivemos foi com uma cochonilha, que ocorreu na acerola. Para o controle, utilizamos uma estratégia de poda e aplicação de calda de sabão. E a infestação reduziu drasticamente. Em algumas partes, chegaram a 20%, 25% e caiu a 1%. Uma série de outras questões irá surgir, e as alternativas serão pesquisadas ali mesmo. As soluções farão parte dos sistemas de produção que serão gerados como principal legado para a Bioenergia. Por isso chamamos de desafio, porque os problemas vão surgir gradativamente e temos de ir solucionando um a um.” Para se ter idéia da grandiosidade do projeto, em dezembro passado, equipe com 21 profissionais realizou o acompanhamento em campo e fez reunião de análise de resultados e de programação para 2014. Integrava o grupo membros do Comitê Técnico Interno (CTI), sob a liderança do chefe adjunto de P&D, Aldo Vilar.

 

 Parceria com produtores locais 

O objetivo final da Bioenergia é o processamento de polpa integral. A previsão dos sócios é que a indústria esteja funcionando no fim de 2015 com capacidade para processar 40 toneladas de frutas por dia em um turno. A produção virá das fazendas, mas a empresa pretende também envolver produtores da região, como forma de promover o desenvolvimento local, pois, como salienta Araújo, a atuação da Bioenergia baseia-se em quatro pilares: alimentos orgânicos, sustentabilidade, respeito ao meio ambiente e inclusão social.

Portanto, a inclusão social se dá não só pelo emprego de mão de obra local (os sócios informam que 80% dos colaboradores do projeto provêm de duas comunidades quilombolas próximas). Eles afirmam ainda que, pelo planejamento, a Bioenergia irá produzir 50% da capacidade da indústria e os outros 50% serão produzidos por parceiros. “A idéia é desenvolver parceiros produtivos focados na agricultura familiar. Vamos fornecer a muda, o adubo a preço de custo e garantir a compra de 100% em contrato, e ele, o produtor, terá o compromisso de nos entregar, no mínimo, 50%”, explica Araújo. E ele acrescenta que o desenvolvimento desses parceiros — selecionados a princípio nos municípios em um raio de 100 quilômetros do projeto, entre eles, Andaraí, Seabra, Piatã e Utinga — vai acontecer quando a empresa tiver as mudas de qualidade para distribuição.

 

A indústria 

A unidade de processamento industrial — cujo projeto vem sendo desenvolvido com a orientação do Instituto de Tecnologia de Alimentos de Campinas (Ital) — será instalada próxima às áreas de plantio, e a recepção e seleção das frutas serão feitas de modo automatizado a partir da lavagem até a embalagem asséptica.

“A vantagem de todo o processo é que, numa superprodução, tem-se um custo baixo de armazenamento porque ela não exige refrigeração”, informa Montenegro. E Araújo acrescenta: “A embalagem será feita pelo processamento asséptico, ou seja, sem contato manual, e armazenada sem refrigeração, o que vai baratear os custos de armazenagem e de transporte, tanto para o mercado nacional quanto para a exportação, porque hoje um transporte refrigerado é caro logisticamente”. E o grande cliente, como ressaltam, é o mercado de suco.

Resumindo, Araújo diz que a Bioenergia está implantando, com esse projeto, o que denominam de Macro Zona de Produção (MZP). Essa MZP envolve, segundo ele, as chamadas Unidades de Produção Própria (UPPs) e os parceiros produtivos (PPs). “A produção das UPPs e dos PPs vai alimentar uma unidade industrial. Esse conceito de MZP fechado e esse produto embalado assepticamente, com bombonas de 200 litros saindo da fábrica, formam um projeto que pode ser multiplicado em qualquer região do Brasil. Essa é a nossa idéia: um projeto que pretendemos levar para outras regiões.”

 

Fonte: Raiz & Fruto – Informativo Embrapa Mandioca e Fruticultura


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