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Inédito, maracujá roxo da Bahia é aposta para se tornar símbolo de produção orgânica
29/06/2019

Fruta exótica no Brasil, mas muito difundida no mercado internacional, sobretudo o Europeu, o maracujá roxo está sendo visto por produtores rurais e pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) como uma aposta para se tornar símbolo de produção orgânica (sem uso de defensivos agrícolas) brasileira.

Informações divulgadas esta semana sobre o desenvolvimento do primeiro sistema de produção orgânica do maracujá do Brasil, por parte da Embrapa em Lençóis, na Chapada Diamantina (BA), dão conta de que o maracujá roxo (Passiflora edulis) apresentou as melhores características para a fruta tipo exportação.

De acordo com o pesquisador Raul Castro, vinculado à Embrapa Agrobiologia (RJ), o maracujá roxo apareceu a partir dos cruzamentos controlados, para melhoramento genético, entre maracujazeiros. O resultado foi uma fruta com menos teor de acidez que o maracujá amarelo e maior tolerância às doenças do maracujazeiro.

“Vamos lançar ano que vem o maracujá roxo como material para cultivo orgânico de maracujá por ter qualidades que se enquadram muito bem dentro do sistema, como ser mais tolerante às pragas, pela característica da poupa e do suco, que são mais agradáveis o paladar”, disse o pesquisador Raul Castro. (ouça a entrevista)

O maracujá roxo é resultado de pesquisas realizadas desde 2011 numa área de 80 hectares que pertence à empresa Bioenergia Orgânicos, a qual desenvolve em Lençóis um projeto agroindustrial voltado para produção e beneficiamento de frutas orgânicas (in natura, polpa e suco), com vistas ao mercado nacional e internacional.

A área total da Bioenergia Orgânicos, que está há dez anos em Lençóis, é de 3,5 mil hectares, localizados no povoado de Tanquinho, a 20 km da cidade e a apenas 2 km do aeroporto. O projeto de agroindústria já teve investimentos de mais de R$ 50 milhões, incluindo desde a compra da terra a investimentos em pesquisas.

Nesse tempo, foram testados 14 genótipos de maracujá. Outros dois genótipos que se destacaram foram híbridos BRS Sol do Cerrado e BRS Gigante Amarelo – ambos da casca amarela. A produtividade deles, diz a pesquisa, é de 28 toneladas por hectare, quase três vezes mais que a do sistema convencional, de 10,5 toneladas/hectare.

A produtividade do maracujá orgânico da Chapada também supera em muito a média nacional, de 13,5 toneladas por hectare, e outra vantagem é que eles tiveram a produção de frutos iniciada com quatro meses, enquanto que no sistema convencional isso ocorre com no mínimo sete meses.

Maiores produtores

No Brasil, o maior produtor de maracujá é a Bahia, onde há 16 mil hectares plantados em 191 dos 417 municípios, segundo dados de 2017 (os mais recentes) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O estado tem produção de 170.910 toneladas, o que corresponde a 31% da produção nacional, de 554,5 mil toneladas. O segundo maior produtor do país é o Ceará (94,8 mil hectares) e o segundo Santa Catarina (46,1 mil toneladas).

Na Bahia, os municípios com maior produção, ainda com base nos dados de 2017 do IBGE, são Livramento de Nossa Senhora (30 mil toneladas), Ituaçu (11 mil toneladas) e Dom Basílio (10 mil toneladas).

 

Em Lençóis, onde ocorreu o experimento da Embrapa, não houve produção de maracujá em 2017, segundo o IBGE, mas os resultados do sistema orgânico deixaram empolgados os proprietários da empresa Bioenergia Orgânicos, que deve entrar em funcionamento total em cerca de um ano a dois anos, com a produção inicial de manga e maracujá.

A empresa vem realizando apenas pesquisas de melhoramento em frutas e sistemas orgânicos, com auxílio da Embrapa – mais de 60 variedades de frutas já foram pesquisadas. Além disso, tem promovido cursos nas cidades da região com vistas ao preparo dos pequenos agricultores.

Em Lençóis, a Bioenergia se instalou depois de pesquisar um local adequado em três estados do Nordeste (Bahia, Ceará e Pernambuco). Esse local deveria ter terras virgens, ser próximo ao rio e onde os pequenos agricultores (futuros parceiros na produção comercial) não tivessem o “vício” da agricultura convencional.

Outras frutas também estão em estudo na Bioenergia, como o abacaxi imperial (sem espinhos na casca), acerola, goiaba e banana princesa, variedade parecida com a banana-maçã.

Um dos sócios da empresa Bioenergia Orgânicos, Osvaldo Araújo informou que além dos genótipos híbridos BRS Sol do Cerrado e BRS Gigante Amarelo, eles pretendem cultivar o maracujá da casca roxa (Passiflora edulis) para atender ao mercado europeu, onde o consumo de maracujá com a casca dessa cor é mais tradicional que no Brasil.

“A ideia é o consumidor ver o maracujá roxo na prateleira do supermercado ele saber que é orgânico, algo automático, só nós estamos produzindo esse maracujá. A Embrapa ainda não registrou esse produto, nossa ideia é que ele seja registrado para o sistema orgânico”, disse Araújo.

Cadeia de produção

O empresário, contudo, está preocupado com o que ele chama de falta de reação do governo da Bahia com relação à assistência técnica, necessária para completar o ciclo da cadeia de produção da agroindústria.

“O governo não está reagindo. Nós jogamos fora mais de 30 mil mudas de frutas orgânicas porque não temos o desenvolvimento do parceiro, e o empresário pagar para o desenvolvimento do parceiro já é absurdo”, ele disse.

“Já pagamos para fazer pesquisa, e estamos nessa fase, aguardando a sinalização do governo para fazer essa parceria da assistência. Já fizemos mais de cinco rodadas de negociações ano passado, com SDR [Secretaria de Desenvolvimento Rural], estamos no aguardo”.

Araújo informou que por enquanto não “procurou o governo federal para não passar por cima”. A SDR, em comunicado, informou que “vem assegurando o desenvolvimento rural da Bahia, colocando a agricultura familiar no lugar de protagonista, por meio de investimentos em cooperativas e associações baianas”.

Diz que no Território Chapada Diamantina, que inclui o município de Lençóis, desde 2015, já foi executado mais de R$ 54 milhões em investimento e custeio de políticas e ações de fomento à agricultura familiar.

“São ações que promovem a geração de renda, emprego, produção de alimentos saudáveis, inclusão de gênero e geracional, garantia da sucessão rural, produção sustentável e que vem fazendo da agricultura familiar uma das principais forças do desenvolvimento do estado”, afirma o comunicado.

Atualmente, afirma a SDR, mais 2.600 famílias da Chapada Diamantina estão sendo atendidas com serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), por meio da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater) e do projeto Bahia Produtiva, executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR).

Na Chapada Diamantina, o governo estadual diz que também investe na cadeia produtiva da fruticultura: “São R$ 3.8 milhões, por meio do Bahia Produtiva, para atender 221 famílias com projetos como de implantação de viveiros, unidade de classificação de grãos de café, armazenamento e comercialização, aquisição de maquinas e equipamentos”.

 

Desenvolvimento precoce evita incidência de vírus

 

O pesquisador Onildo Nunes, líder da equipe técnica de maracujá da Embrapa Mandioca e Fruticultura, informou que o desenvolvimento precoce da produção do maracujazeiro é estratégico para evitar que haja a incidência de vírus.

De acordo com a Instrução Normativa 17 do Mapa, nos sistemas orgânicos deve-se priorizar a utilização de material adaptado às condições locais e tolerantes a pragas e doenças, como acontece, por exemplo, com a cultura da banana.

No caso do maracujá, ainda não foram encontradas variedades resistentes a viroses, que tem afetado pés de maracujá em municípios da região sudoeste do estado, como mostrou pesquisa recente da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb).

Vírus no maracujá

Plano de ação contra virose

A Embrapa informou que já tem já opções de ação contra vírus no maracujá: a clonagem de plantas produtivas livres de virose. A técnica consiste em retirar e enraizar as estacas em ambiente protegido — a empresa Bioenergia já conta com telado antiafídico (que não permite a entrada do pulgão transmissor de vírus) para abrigar esse experimento.

“A ideia é tirar várias estacas e fazer uma multiplicação clonal das plantas selecionadas. Como temos uma planta já adulta, a estaca retirada tem toda informação para iniciar a produção de frutos mais precocemente em relação a uma planta derivada de sementes”, explica o pesquisador Onildo Nunes.

“Assim, rapidamente essa muda de estaca entra em processo de florescimento e frutificação. E quanto mais precoce o material, mais produz na ausência de vírus”, disse.

Além de viroses, o maracujazeiro está suscetível ao ataque de insetos-praga, como a lagarta-desfolhadora, a broca-do-maracujazeiro, o percevejo, a mosca-das-frutas, o besouro-da-flor-do-maracujazeiro, a formiga-cortadeira e os ácaros.

O maracujazeiro pode ser atacado ainda por fungos e bactérias, com intensidade de danos que depende das condições climáticas e dos aspectos culturais.

“No caso das pesquisas em Lençóis, tivemos problemas com lagarta, besouro, vírus e formigas. Os piores foram os vírus, pois não há controle e nem variedades de plantas resistentes aos seus ataques”, afirma o entomologista Antonio Nascimento, pesquisador da Embrapa.

Nos experimentos da empresa Bioenergia, o problema não chegou a ser tão grave porque atingiu somente a planta. Quando chega ao fruto, causa deformação, baixo rendimento do suco e endurecimento da casca, tornando-o inviável para a comercialização.

Para se ter uma ideia do potencial de dano dessas doenças, no primeiro ciclo do sistema orgânico, antes da contaminação da lavoura, a produção chegou a atingir média de 37 tonelada por hectare.

O controle de formigas cortadeiras, um dos principais problemas na região, foi equacionado com o uso de uma isca orgânica à base se Tephosia cândida (inseticida natural), com registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para agricultura orgânica.

Segundo a Embrapa, por enquanto o pacote tecnológico está restrito à região da Chapada Diamantina. “A ideia é que produtores cooperados produzam nesse sistema que criamos para atender à demanda da empresa Bioenergia”, disse o pesquisador Raul Castro, um dos editores técnicos do projeto sobre o sistema, disponível online.

A publicação reúne informações sobre o sistema orgânico, com foco nos aspectos socioeconômicos, exigências edafoclimáticas, preparo do solo, calagem e adubação, híbridos de maracujá-amarelo, sementes e mudas, plantio e tratos culturais, polinização, manejos da irrigação, pragas e doenças, colheita, mercado e comercialização, e os coeficientes técnicos e rentabilidade.

Mas a ideia é que o sistema desenvolvido para a Chapada sirva de norteador para outras regiões. “Estive recentemente com técnicos da empresa de extensão do Paraná interessados em implantar o cultivo orgânico naquele estado”, ele falou.

“O sistema da Chapada é o primeiro do Brasil e vem chamando a atenção de outros interessados nessa tecnologia. Com as adaptações, pode ser implementado em todo o país”, afirmou o pesquisador Raul Castro.

Fonte: Blog do Mario Bittencourt


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