Saudável, orgânico e sustentável: a revolução dos millennials e a indústria alimentícia
28/07/2018
Não há um consenso sobre quem seria a tal da Geração Y, os famosos Millennials. Apesar disso, seus comportamentos vêm sendo monitorados há anos e ditam tendências no mundo inteiro. A definição mais aceita parece ser de que a geração compreende os nascidos entre a metade dos anos 1980 e 2000.
Alimentação saudável, conveniente e com consciência social e ambiental estão entre os principais fatores decisivos para o consumo desta geração. Segundo uma pesquisa realizada em 2014 pela Nielsen envolvendo 30 mil pessoas em 60 países diferentes, a geração Y é a mais propensa à compra de alimentos orgânicos. Enquanto 81% dos Millennials afirmam consumir orgânicos, apenas dois terços dos Baby Boomers (aqueles nascidos no pós-guerra) fazem o mesmo.
Influenciada por esta geração, a tendência de se preocupar com uma alimentação saudável é um hábito que vem ganhando adeptos. A mesma pesquisa aponta que, em todas as gerações, mais da metade dos participantes afirmam estar dispostos a pagar mais por alimentos que tragam benefícios à saúde.
“Trata-se de uma geração empenhada em apoiar um sistema alimentar menos destrutivo do meio-ambiente, que procura apoiar produtores locais e questiona a produção de alimentos ultraprocessados. A procura pelos alimentos saudáveis leva as pessoas a preferir consumir alimentos orgânicos, agroecológicos, numa tendência crescente no mundo e também no Brasil”, sugere Sylvia Wachsner, coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos da Sociedade Nacional de Agricultura.
Sylvia destaca ainda que a geração de nativos digitais leva em consideração a opinião do círculo social ao definir o que irá consumir – e isso se aplica também aos alimentos. Assim, as pessoas desta faixa etária são também as que mais pesquisam em redes sociais antes de decidir qual produto ou comida comprar.
“No varejo, são cada vez mais comuns os alimentos sem glúten, sem colesterol, sem lactose, com redução de sódio, orgânicos, naturais, sem ingredientes transgênicos ou com menos açúcares. Surgem novas categorias que atendem aos celíacos, hipertensos, intolerantes a produtos lácteos, entre outros. Esses alimentos estão em franca expansão e apresentam uma nova dinâmica: respondem à demanda da Geração Y, chamados de ‘consumidores conscientes’ para os quais a escolha dos produtos que adquirem está ligada à saúde e ao bem-estar”, destaca Sylvia, ao lembrar que as prateleiras dos supermercados já estão se adaptando à nova tendência.
O prato da Geração Y no Brasil
Para Ilton Teitelbaum, esses dados não retratam necessariamente a realidade brasileira. Desde 2012, Ilton lidera o Projeto 18/34, cujo foco é observar e entender o comportamento de jovens desta faixa etária. O estudo é elaborado pelo Núcleo de Tendências e Pesquisa do Espaço Experiência da Faculdade de Comunicação Social da PUC-RS.
“A sustentabilidade como um todo, e em relação à alimentação também, não chega a ser um hábito desta geração. Embora haja o interesse em consumir produtos e marcas mais sustentáveis, o jovem não tem condições de aderir a este estilo de vida porque, no Brasil, a questão financeira ainda é um problema”, lembra. Ilton destaca que essa realidade vai mudando à medida que os jovens da Geração Y completam 30 anos e passam a ter mais poder aquisitivo. A edição de 2018 do Projeto 18/34 irá focar justamente na temática de sustentabilidade, mas a pesquisa ainda encontra-se em estágio inicial.
Segundo ele, é notável também um aumento no número de vegetarianos e veganos e uma demanda por opções mais sustentáveis, embora destaque que ainda não possui dados conclusivos sobre o assunto. Ilton lembra que, de olho nisso, até mesmo marcas de fast foodvêm oferecendo opções mais saudáveis principalmente devido à “pressão dos mais jovens por uma alimentação menos agressiva” ao meio ambiente e aos animais.
Fonte: CI.Orgânicos